quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Harpa



Dedilhas cordas frementes
De harpa minha que entoa e canta
Alegre alento de anjos iludidos.
Suspira em seu corpo dissabores
Deusa viva de amores
E encantos em Vénus sentidos.

Escuta, então, sedução essa, a dela,
Clamando pureza do que é belo,
Utopia de belezas surreais.
Pois ela sonha, do Perfeito
Implorando sua vinda
Para a desdita vida dos demais.

Porém não desperta ele
Ao chamamento que repica
Sinos de melodia divina!
Cai no desalento do desuso,
Doce harpa de cordas gastas,
Nos contados confins da vida.

domingo, 19 de outubro de 2008

Passado


Escuta-o reclamar,

Quem dita Presente e Futuro.

Do silêncio ergue-se soturno,

Cavalgando cumes de montanhas

E vales do outro mundo.

Possui o poder das Eras,

A força que das feras se extinguiu.

É o Passado, é ele que vos espreita

Nos confins esquecidos do tempo.

É ele, aquele que em piedade e dó

Se desmoronou para não mais voltar.

Mas voltou.

Presente e Futuro


Somos Presente e Futuro,

Aqueles que perseguem,

Linha após ante linha,

Presságios apaziguadores

Do nada que é tudo.

Sabemos a verdade da mentira,

Mentimos com verdades sentidas.

Controlamos. Somos o Destino.

Ordenamos, dos deuses servidores.

E contigo, mortal em nossas mãos,

Brincamos. Marionete de veias

Pulsantes de fulgor.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Meia Noite




Tic, Tac,
Doze badaladas,
Meia-noite
E o cuco a espreitar
Desta negra casa negra
Ao abandono do crepúsculo
Numa noite densa d'assustar.

Mochos, morcegos,
Corujas e fantasmas,
São esses!
Os que nos vêm assombrar;
Qual sinistra solidão,
Devassa escuridão,
Que nos espia ao luar.

Então corre, foge,
Escondamo-nos onde nos vejam,
Para não nos apanhar.
Coração aos saltos,
Azia intrometida,
Esta maldita falta de ar.

Soam passos,
O pó remexe
A uma corrente de ar
De uma janela por abrir.
Tic, Tac,
Doze badaladas,
“Buuuu!”
Meia-noite sem dormir.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Esperança

Não, não me deixes tu,
Tépida esperança do Viver,
Não apartes para as distâncias
Que essas vis te destroçam,
E mais que tudo te quero,
Para outros querer.

Pois ânimo és tu, o meu,
Nas reentrâncias da Vontade.
Oh! Ninguém crê, mas tu crês,
Que nada mais é a loucura
Que devaneios da verdade
De essência sua a mais pura
Esquecida do cego mundo
Que de tudo já nada vê.

Sopra que te oiço,
Sopra para outros te ouvirem
Neste cansaço meu.
Que soprei sem que me ouvissem,
Soprei em vão.

Resta-me tudo, mas nada tenho.
Só tu me esperas agora
Na indíspar solidão.

sábado, 4 de outubro de 2008

Sonho


Segue sabendo sonhar
Sadios sonhos solarengos
Sonha solstícios sazonais
Simples sonhos sedentos.

Semeia solos sonhadores!
Singra santos subentendidos!
Soletra sonhos s'esplendores,
Sorrisos seus, sentidos!

Sonha segredos segredados,
Sem secretos sinais.
Se sinfonias são, sonha-os...

Pois os sonhos são imortais!





(este poema foi dedicado à minha querida amiga Catarina ^^ )

Serpente

Em ti
Nasci e vivi,
Morri e nasci novamente,
Como que um vento
Que sopra dormente
Num leito consumido
Por um Deus eleito
Nas ameias do respeito.

Reforça-te, destroça-te,
Devora-te num esgar.
Sente os sentidos sentimentais
Servidos em santos
Sagrados por os demais,
E ergue-te do sono
Sonolento ou sonhador
Que sentado se encontra
Entre os anais de um andor.

Logo ouvirás o canto
Ou talvez o grito
De um aflito desdito
Que foge à fuga da manhã
Numa sorte ou azar
De um fado maldito;
Beijo esse que afastas
Num repugnante sorriso.

Por fim ascende-te,
Deambula no paraíso,
Revolteia as palavras.
Prende-te nesse dito friso
Que é a real vida
Da real serpente sem ela,
Fria, cruel donzela,
Mortalha de medo, e sim,
Coberta que a cobre
Num vasto deleite
Nascido em ti
Onde também eu nasci,
Nasci e vivi,
Morri e nasci novamente,
Como que um vento
Que sopra dormente
Num leito consumido
Por um Deus desfeito
E não eleito
Nas ameias do respeito.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Semeia...

.:Semeia migalhas de esperança

Correndo aos saltos de flor em flor:.





(Extremamente inspirador *cof cof*)