sábado, 23 de abril de 2011

Sem título

Como uma ave que canta
Ária de sentimento e sabedoria,
Tisnaste no papel de seda
Istmo, promontório e vereda
Acesa no sonho que alumia.

Singraste e calcorreaste
Olvidada montanha e campina.
Finda a viajem em porto seguro,
Içaste velas e saltaste o muro:
Azul é o céu que se te destina.

Abres, então, asas e foges
Levada na brisa de semente.
Ares os teus serão clareira,
Orla, bosque soltos na corrente.

Gostarias então de lembrar
O que para trás se deixou.
Narrar o semeado nos vales,
Contar sobre o que ousou
Amanhecer na noite caída.
Lendo, lembrança é assim dita,
Vista no espelho do passado.
Eterno pensar repensado,
Semente crescida, és Vida…

(Acróstico para uma das fitas que tenho de escrever xD)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Por Pintar


Quando o sonho é horizonte
Onde perdes o olhar,
Quando o horizonte é tela pintada
De sonhos somente d’outros
Pela tua prisão de sonhar,
Sabes que é semente a solidão
Que pinta retratos evasivos
Em cores de coração.
Que o último contorce-se indeciso
Segurando na mão o pincel de indagar.
Que a resposta não está no pintado,
Mas no que ficou por pintar.

(3ª tentativa de poema para o capítulo do Prín, escrito durante o pequeno-almoço num bocado de papel rasgado... nada como um input de deprimência matutina para acabar com as dúvidas. Este é o escolhido! xD)

sábado, 2 de abril de 2011

Sonho Eterno, Mas Já Não Teu


Sparrow, by Rock My Life

Sonhaste que eras pardal
Que vagueava solto no cantar perdido,
Calcorreando os céus d’ouro do olhar.

E, de súbito, vês-te cair.
Em rodopio vertiginoso varres o horizonte,
De modo vertical.

Feneces no suspiro dos que pisam,
Dos que pisoteiam sem sapateado sincrónico
A calçada morta.

Soltas um último pio mas não acordas.
E o sonho continua eterno,
Mas já não teu.