domingo, 28 de junho de 2015

Falais do Tempo


Falais do Tempo, mas o Tempo
Não é o que é, humano.
É trilho que doma o Espaço,
Pano de fundo, pai do Futuro,
Mentira, subterfúgio, impuro,
Relativo, reactivo, real
E imaginário.

É rei de reinos além existência,
Dos paralelos e dos que se cruzam,
Diagonais e perpendiculares,
Mundos mutáveis, estáticos, eternos,
No recuar e no avançar,
E na ponte, entre ambos,
Onde ele pára, a ponderar.


Soft Watch at the Moment of First Explosion, Salvador Dali (1954)


sábado, 20 de junho de 2015

Do Lento ao Vagaroso vai uma Palavra



Do lento ao vagaroso vai uma palavra
Atenuada, tão ténue,
Que na inspiração é cadente.
Arrasta-se na compreensão,
Oh, tão devagar,
Que me abranda o coração,
Monotonia de pálpebra fechada,
Que adormeço ao sentir da palavra.


sexta-feira, 19 de junho de 2015

Nem tudo é, nem tudo foi



Nem tudo é, nem tudo foi,
Na aparência do que se dilui.
Porém, o que será, será?
O que não é terá sido,
Sem o conseguir indagar?
O enigma é tido no que não vês,
No que não ouves ou sentes. Será
Que na não existência existirá
O que já existiu?


Diary of Discoveries, Vladimir Kush

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Dá-me o Som do Sorriso



Dá-me o som do sorriso,
Aquele que ouves sem ouvir,
Voz de utopia se sincero,
Grito se de tristeza for
De canto a canto repleto,
Choro e soluço no arco trémulo
Que ameaça inverter.

Dá-me as suas palavras mudas,
As tuas, para interpretar
O gesto, o sentido. Desminto
O que há por sentir
E o que foi sentido
No trejeito invertido
Do teu sorrir.


quarta-feira, 17 de junho de 2015

O Campo é Prenhe de Pensamentos



O campo é prenhe de pensamentos,
Do vasto ao ínfimo,
Significância íntima ou de ninguém.
Pensares áureos qual brisa
Que eleva e redemoinha o pó,
Com ele escrevendo no ar,
Esse seu pensar.

E eles conversam,
Pensar com pensamento,
O ramalhar e o vento,
Em canção de folha-a-folha recortada,
Conversam com a forma pensada
Da ave, do insecto…
Oh, muito pensa o grilo, por certo!

A vida corre e evolve,
Pensando mistérios.


A Rest on the Ride, by Albert Bierstadt (1863)

terça-feira, 16 de junho de 2015

Há Chuva nos teus Olhos

©Stephanie Pui-Mun Law, 2004-2010.


Há chuva nos teus olhos,
Quente, tão quente, que queima ao olhar.
O sal contido é resquício de mar,
Oceano ao abandono, coração perdido…
Oh, a dor desseca-se na pele,
Estala e sangra, e o seu perfume é maresia
Arrancada às escamas, deitada à areia.
Morres na praia, voz do profundo,
Tão somente cantar de defunto,
Sereia.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O Vento é Sopro de Sonho e Coração



O vento é sopro de sonho e coração,
Rima transversa trocada pelo tempo,
Com permeio de ilusão.
É toque áspero onde há
Da suavidade essência e grito
De fada ou canto, unos,
Sopro de morte e folgo de vida,
Música de mim.


©2015 Stephanie Pui-Mun Law

domingo, 14 de junho de 2015

Venha o dia em que o Sol se pinte



Venha o dia em que Sol se pinte
De azul álgido,
Tomado pela ausência de um toque
Invisível, inato,
Crença ou olhar. Olvidas
O raiar que doce aquece ao toque
Peregrino; pobre e frio,
Cadente, o espírito do Sol
Divino.