sábado, 14 de maio de 2016

Terras de Ninguém


Há terras de ninguém
Onde germina a sede
De sorver o sonho
Que, ao abandono,
É estrela de brilho
Por extinguir.

Tomado em si,
Aplaca-se a sofreguidão.
Então, floresce em alguém,
Nas terras de ninguém,
A vontade de viver vivo
No mundo que virá.

Molda as terras na forma
Que o sonho inspirou.
Se o de ninguém é d'alguém
Esculpe e pinta, porém,
Dá-lhe a memória de um dia
Ter sido nada.

Porque o valor de ser
Está no antes não ter sido.
A criação evolve na mente,
No entanto será sempre
Semente do que nunca foi,
Para um dia existir.


Autumn's Story, José Roosevelt (2002)

2 comentários:

LopesCaBlog disse...

Passei mas não sei grande coisa sobre poesia para opinar


Blog LopesCa | Facebook

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Para mim, não é uma questão de saber grande coisa sobre poesia. É uma questão de sentir as palavras e a mensagem nelas contida. Neste caso, em resumo, falam de um sítio que não é de ninguém, um local ressequido, abandonado, ao qual os sonhos podem dar vida, se houver vontade de viver. E esses sonhos podem moldar a terra e transformá-la em algo mais, algo capaz de sentir e pensar, algo maravilhoso. No entanto, é sempre bom a criação lembrar-se que antes de ser alguma coisa, não era nada (porque há muitas pessoas que quando são "alguma coisa importante" se esquecem dos outros e das suas origens).